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sexta-feira, 20 de março de 2009

IDEOLOGIA MARX



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AS IDEOLOGIAS E A PAZ Um tributo a Sergio Vieira de Mello
IDA MARIA MELLO SCHIVITZ¹
RESUMO
Este trabalho foi elaborado pela Psicóloga, Professora Ida Maria Mello Schivitz, para uso de seus alunos da ULBRA/Gravataí/RGS, da disciplina de Psicologia Social Contemporânea, em 2003, segundo semestre. Através do mesmo, pretende-se que amparados em teorias, seguidas de exemplos da atualidade, discutidos durante o período de aula, os alunos obtenham conhecimento de tão complexo termo, desenvolvendo seu histórico até seu entendimento atual, como o que lhe é conferido por John B. Thompson.
ENTENDIMENTOS
Este levantamento da literatura visa identificar os conceitos e entendimentos sobre este termo tão falado e ao mesmo tempo tão cheio de significados diversos, que é : ideologia.
O sentido da palavra já era discutido pelas culturas greco-romanas, mais tarde Machiavelli discutia as práticas dos príncipes que usavam a força, a fraude e o jogo do poder. Bacon entretanto foi o que comunicou um sentido explicativo mais próximo ao utilizado hoje, embora sem ainda o denominar especificamente.
Com Michael Lövy (1985) se buscará explicações maiores. Michael Löwy (1985) na exposição que realiza em seu famoso livro “Ideologias e Ciência Social. Elementos para uma análise marxista”, detalha o termo. Escreve ele:
“É difícil encontrar na ciência social um conceito tão complexo, tão cheio de significados, quanto o conceito de ideologia. Nele há uma acumulação fantástica de contradições, de paradoxos, de arbitrariedades, de ambigüidades, de equívocos e de mal-entendidos, o que torna extremamente difícil encontrar um caminho nesse labirinto.
O conceito de ideologia não vem de Marx, ele simplesmente o retomou. Ele foi literalmente inventado (no pleno sentido da palavra: inventar, tirar da cabeça, do nada) por um filósofo francês pouco conhecido Destutt de Tracy, discípulo de terceira categoria dos enciclopedistas. Destutt publicou em 1801 um livro chamado Eléments d’Idéologie”.
A ideologia segundo Destutt de Tracy, é: “ o estudo científico das idéias e as idéias são o resultado da interação entre o organismo vivo e a natureza, o meio ambiente. É portanto, um sub capítulo da zoologia, que estuda o comportamento dos organismos vivos......”
Mais tarde Tracy entrou em conflito com Napoleão, que em seu discurso atacava Tracy e seus amigos, os chamando de ideólogos. Para Napoleão, essa palavra já tem sentido diferente:
Os ideólogos são metafísicos, que fazem abstração da realidade, que vivem em um mundo especulativo.
Mas o termo é retomado por Marx, que lhe dá outro sentido.
Em “A Ideologia Alemã”, o conceito aparece como equivalente à ilusão, falsa consciência, concepção idealista na qual a realidade é invertida e as idéias aparecem como motor da vida real.
Mais tarde Marx amplia o conceito e fala das formas ideológicas através das quais os indivíduos tomam consciência da vida real. Ele as enumera como sendo a religião, a filosofia, a moral, o direito, as doutrinas políticas, etc...
Para Marx, claramente, ideologia é um conceito pejorativo, um conceito crítico que implica em ilusão, ou se refere à consciência deformada da realidade que se exerce através da ideologia dominante: as idéias das classes dominantes são as ideologias dominantes da sociedade.
Lênin continua a usar o termo, porém dividindo-o em ideologia burguesa e ideologia proletária. O termo passa a ser usado no movimento operário, na corrente leninista do movimento comunista, que fala em luta ideológica, no trabalho ideológico, de reforço ideológico, etc...
Então ideologia deixa de conduzir um sentido pejorativo como tinha em Marx e passa a significar “qualquer doutrina sobre a realidade social, que tenha vínculo com uma posição de classe”
Verifica-se que há um grande distanciamento de significado do termo ideologia entre Marx e Lênin. (Lövy, 1985)
Após, o sociólogo Karl Mannheim em seu livro “Ideologia e Utopia”, procura distinguir os conceitos de ideologia e de utopia.
Para ele, ideologia é o conjunto das concepções, idéias, representações, teorias, que se orientam para a estabilização ou legitimação ou ainda reprodução da ordem estabelecida.
Ou seja, são todas aquelas doutrinas que têm um certo caráter conservador no sentido amplo da palavra. Que consciente, inconsciente, voluntária ou involuntariamente servem à manutenção da ordem estabelecida.
Utopia, para Mannheim ao contrário, são aquelas idéias, representações e teorias, que aspiram uma dimensão crítica ou de negação da ordem social existente e se orientam para sua ruptura. Desse modo as utopias têm uma função subversiva, uma função crítica e em alguns casos uma função revolucionária.
Segundo Lövy (1985), ideologia e utopia são duas formas de um mesmo fenômeno, que se manifestam de duas maneiras distintas.
Esse fenômeno é a existência de um conjunto estrutural e orgânico de idéias, de representações, teorias e doutrinas, que são expressões de interesses sociais vinculados às posições sociais de grupos ou classes, podendo ser segundo o caso, ideológico ou utópico.
Ainda, para Mannheim, o sentido de ideologia divide-se em ideologia total que está vinculado à posição das classes sociais e significa “o conjunto daquelas formas de pensar, estilos de pensamento, pontos de vista que são vinculados aos interesses, às posições sociais de grupos ou classes”;
Ou, ideologia em sentido estrito, significando “a forma conservadora que o termo pode tomar, em oposição à forma crítica, que ele chama de utopia.”
Já Lövy (1985) considera mais adequado usar o termo “visão social de mundo”, em lugar de ideologia.
Acreditando que “visões sociais de mundo” seriam “todos aqueles conjuntos estruturados de valores, representações idéias e orientações cognitivas”. Conjuntos unificados por uma perspectiva determinada, por um ponto de vista social, de classes sociais determinadas.
Lövy (1985) propõe que as visões de mundo poderiam ser de dois tipos:
Visões ideológicas, quando servissem para legitimar , justificar, defender ou manter a ordem social do mundo.
E, visões sociais utópicas, quando apontassem para uma realidade ainda não existente.
A Psicóloga Social, Maritza Montero (apud Lane,1995), ao fazer um estudo da palavra ideologia e de seu conceito, considera que o termo ideologia é utilizado no sentido de:
“uma forma de ocultação e distorção, destinada a manter a hegemonia de determinados interesses, que se manifestam através da linguagem. Entretanto, não somente através da linguagem do senso comum, como também da linguagem científica”. Para ela, todos os membros da sociedade têm ativo papel na sua produção e reprodução. São objetos e sujeitos da mesma e não devem ser considerados como entes passivos, senão como dinâmicos agentes produtores, transmissores, modificadores, contestadores e refutadores da ideologia.”
Para exemplificar o uso desse termo, traz-se à consideração o conceito de ideologia em relação à família, como tem sido empregado.
A família carrega além da reprodução biológica a função ideológica. Ela promove a reprodução social, pois é nela que os indivíduos são educados para continuar biológica e socialmente a estrutura familiar, É ela a formadora do cidadão. Também é ela que reproduz a ideologia dominante, complementando outros agentes sociais. (Lane, 1994)
Mas, aos poucos, na modernidade essas noções, ideologicas em relação á família, tem mudado, pois na prática hoje se encontram muitas famílias mononucleares.
Maritza (apud Lane, 1995), além do termo ideologia, também focaliza o que denomina estratégias discursivas, que carregam conteúdos ideológicos, elas são cognoscitivas, ou seja, invenções que são usadas em função de problemas particulares.
Exemplifica Maritza (apud Lane, 1995), com seu trabalho no campo da Psicologia Comunitária e da Psicologia Política, onde elas aparecem no discurso, rodeadas ou revestidas de uma aparência de naturalidade ou de suficiência, que pode ser atribuída aos fatos inerentes à vida cotidiana, ou acontecimentos naturais, tais como:
- que objetos caem, ou que a terra gira, ou que o sol ilumina e esquenta.
- ou ainda, que tais idéias aparecem com a força de fatos naturais, habituais, como se fossem um conhecimento compartilhado por todos e não sujeito a discussão.
Maritza (apud Lane, 1995) focalizando estratégias discursivas, na realidade demonstra estratégias, através das quais a ideologia pode encontrar lugar no discurso. É através delas, que idéias dominantes podem continuar sendo exercidas e podem manter seu caráter hegemônico.
Lembra ela, que a comunicação cotidiana, anda que seja uma simples conversação entre pares, o noticiário diário ou mesmo o conteúdo do diálogo em uma telenovela, como também a linguagem científica e a linguagem técnica, embora aparentemente fechada, constituem-se em campos nos quais estas estratégias são desenvolvidas para manter o caráter supostamente natural, habitual, de senso comum, parte integrante da vida com que tais forças podem se revestir.
Ainda Maritza (apud Lane, 1995) propõe, que somos sujeitos ativos e passivos, construtores e receptores de ideologia. Influentes e influenciados no contínuo jogo dialético das forças exercidas na vida social.
John Thompson, em seu livro “Ideologia e Cultura Moderna – Teoria social crítica na era dos meios de comunicação” (2001), seguindo a mesma teoria de Foucault, apresenta o seu conceito de ideologia, realizando inicialmente um levantamento da história do termo, expõe a seguir seu entendimento reformulando o conceito, sempre relacionando ideologia com as relações de poder, que circulam em contextos sociais específicos.
Propõe Thompson que:
”o conceito de ideologia deve ser usado para referir às maneiras como o sentido (significado) serve, em circunstâncias particulares, para estabelecer e sustentar relações de poder que são sistematicamente assimétricas e presentes em relações de dominação” Então conclue, quanto ao termo : “ideologia é sentido a serviço do poder”
Entende, também, que o estudo de ideologia requer o levantamento das formas como o sentido é construído e usado nas formas simbólicas, como nas falas lingüísticas cotidianas até as imagens e os textos complexos. Daí a necessidade de investigação dos contextos sociais nos quais as formas simbólicas são empregadas e articuladas. Elas servem para verificar como o sentido é mobilizado pelas formas simbólicas em contextos específicos, para estabelecer e sustentar relações de dominação.
Então, o estudo de ideologia exige que se pergunte se o sentido construído e usado pelas formas simbólicas serve ou não para manter relações de poder sistematicamente assimétricas.
Neste enfoque a análise do termo ideologia torna-se mais ampla, pertencendo a um interesse mais geral ligado á características de ação, de interação, ás formas de poder e de dominação, á natureza da estrutura social, á reprodução e á mudança social, ás qualidades das formas simbólicas e a seus papéis na vida social.
Thompson em seu novo enfoque, interacionista, crítico, retém o valor do termo ideologia, mas como parte de uma preocupação mais abrangente relacionada com a natureza da dominação do mundo moderno, com os modos de sua reprodução e as possibilidades de sua transformação.
Exemplificando, ainda chocados pela tragédia que o exercício ideológico pode conduzir, considerando o sentido de Thompson, pode-se lembrar a queda das torres gêmeas de Nova York, com muitos mortos, a guerra dos Estados Unidos contra o Iraque, com milhares de mortos, os atos terroristas efetuados seguidamente contra Israel, a Palestina com muitos mortos e a terrível ação de terça feira, 19 de agosto de 2003 contra a ONU ou a representação de PAZ mundial que ela simboliza.
Ação, na qual um caminhão bomba explodiu (16h30min, hora local, em Brasília 9h30 min) matando seu condutor, induzido ideologicamente, vários civis, funcionários da organização, o coordenador do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) no Iraque, Christopher Klein-Beekman e o símbolo maior, localizado na pessoa do diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, alto comissário para Direitos Humanos e enviado especial ao Iraque como chefe de uma missão humanitária, com sua chefe de gabinete Nádia Younis.
Este último atentado terrorista ideológico, que atingiu a ONU, na figura dos diplomatas e funcionários, faz-me lembrar a poesia PAZ que transcreve-se:
O ANJO DA PAZ
Anonimus²
Atravessou o ventoAcertando um anjoQue caiuSua asa machucadaSangrava muitoSeu sangue espalhou-sePelo marE quem deu o tiroFazia guerra,Em algum paísMas o anjoQue caiuChamava-se PAZ : Sergio Vieira de Mello
____________ Obs. O nome do diplomata foi por mim acrescentado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JACQUES, Maria da G e outros –PSICOLOGIA SOCIAL CONTEMPORÃNEA. Edit. Vozes. S. P. 1998LANE, Silvia e Wanderley Codo (org.) – PSICOLOGIA SOCIAL O Homem em movimento. Editora Brasiliense S. P. 1994 LANE, Silvia e Bader B. Sawaia (orgs) – NOVAS VEREDAS DA PSICOLOGIA SOCIAL. Editora Brasiliense. S. Paulo. 1995 LÖVY, Michael – IDEOLOGIAS E CIÊNCIA SOCIAL. Elementos para uma análise marxista. Editora Cortez. S. Paulo. 1985 THOMPSON, John B. – IDEOLOGIA E CULTURA MODERNA Editora Vozes. S. Paulo. 2001 _______________________
¹ Professora de Psicologia Social e Social Contemporânea da ULBRA/Gravataí ² Poesia que obteve segundo lugar no concurso Mario Quintana, do ano 2001 no Presídio Central de Porto Alegre.


Disponível em http://www.idamariamello.hpg.com.br/ideologias.html">http://www.idamariamello.hpg.com.br/ideologias.html acesso 20/3/2009 as 20:46

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